Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Os Bispos das Igrejas Cristãs Protestantes em Moçambique manifestaram-se contra a ameaça, feita pelo candidato presidencial foragido, Venâncio Mondlane, de cancelar as celebrações do Natal, este ano, como parte do seu protesto contra os resultados das eleições gerais realizadas a 09 de outubro.
Na semana passada, Mondlane reiterou a sua, agora familiar, ameaça de cancelar o Natal e as festividades do Ano Novo deste ano, substituindo-as por mais manifestações de rua, com o objetivo de derrubar o Governo.
Dirigindo-se aos seus apoiantes, numa transmissão em direto na sua página do Facebook, Mondlane afirmou: “Vamos perder as festividades, não vamos à praia, não vamos visitar as nossas famílias, porque estamos a organizar este País”.
“O Conselho Cristão de Moçambique considera isto um exagero”, disse David Manuel Castigo Pavando, Vice-Presidente do Conselho Cristão de Moçambique (CCM), numa entrevista telefónica ao MOZTIMES. “Em tudo o que fazemos, devemos louvar a Deus, e tudo o resto vem depois”.
Mondlane defendeu que o Natal não pode ser celebrado, enquanto a verdade sobre as eleições não for restabelecida e enquanto os moçambicanos continuarem a morrer às mãos da polícia.
Mas David Pavando considerou que cancelar o Natal é uma ideia muito má. “Quando lidamos com manifestações, não podemos esquecer que há um Deus”, afirmou. “Devemos louvar a glória de Deus. Caso contrário, estaremos a exagerar”.
O CCM considerou que a atual situação do país é motivo de grande preocupação e propôs o diálogo, no qual todos saiam a ganhar, como o caminho a seguir.
O Bispo Emérito da Igreja Anglicana de Moçambique, Dom Dinis Sengulane, adoptou uma posição semelhante. Apelou a um diálogo imediato, em busca de paz, bem como a acções e gestos que dêem mais esperança aos jovens.
“A situação actual exige uma cessação imediata de toda a violência, física e verbal, porque isso não beneficia absolutamente ninguém”, declarou Sengulane. “Que haja um diálogo imediato e abrangente, entre os intervenientes, que conduza à reconciliação”.
Quanto à possibilidade de se cancelar o Natal, Sengulane afirmou que o Natal acontecerá, independentemente do estado da política moçambicana.
“Esta não é a primeira vez que políticos mal-intencionados tentam boicotar ou impedir a celebração do Natal, e todos eles foram provados errados. Aqueles que seguem Jesus Cristo sempre celebraram o Natal”, acrescentou.
O CCM está a tentar dialogar com os líderes de todos os partidos políticos. Já se reuniu com o líder e candidato presidencial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, mas tem enfrentado dificuldades para marcar uma reunião com a liderança do Podemos, o principal partido que apoia Venâncio Mondlane. Isto deve-se às restrições graves ao trânsito rodoviário, impostas pelas manifestações convocadas por Mondlane.
O Podemos afirma que, na semana passada, submeteu uma proposta de diálogo ao gabinete do Presidente Filipe Nyusi e à liderança da Frelimo, e aguarda uma resposta. (RD)