– Diálogo tem como objetivo alcançar estabilidade política, social e económica
– Venâncio Mondlane, principal líder da oposição, é excluído das conversações por não ser líder de nenhum partido político
Por MOZTIMES
Maputo (MOZTIMES) – O Presidente Daniel Chapo anunciou ter alcançado “quase 100% de consenso” no diálogo político com os partidos da oposição. No entanto, continua a excluir o seu principal opositor, Venâncio Mondlane.
Segundo Chapo, há consensos em relação aos termos de referência (ToRs) para a assinatura do documento do acordo, cujo objetivo é alcançar “estabilidade económica, política e social do país”, disse a jornalistas esta quarta-feira, no fim de mais uma sessão do diálogo que decorreu no gabinete presidencial, em Maputo.
Participaram, para além do próprio Presidente Chapo, Lutero Simango, presidente do MDM; Albino Forquilha, presidente do PODEMOS; Ivone Soares, em representação da Renamo; e Salomão Muchanga, presidente da Nova Democracia. Os três primeiros partidos têm assentos no Parlamento, enquanto a Nova Democracia tem assentos na Assembleia Autárquica de Gurúè, na Zambézia.
O diálogo foi iniciado por Filipe Nyusi em novembro de 2024 e, desde então, usou como critério para selecionar os participantes o facto de representarem um partido político com assentos na Assembleia da República. Esse critério serviu para excluir Venâncio Mondlane do diálogo, por não ser líder de nenhum partido. No entanto, Mondlane foi o segundo candidato mais votado nas últimas eleições presidenciais, sendo assim o principal opositor de Chapo.
Ao dar continuidade ao diálogo iniciado por Nyusi, Chapo manteve o critério que chamou de “diálogo através de plataformas partidárias”, garantindo, assim, que Venâncio Mondlane ficasse de fora das negociações.
Nesta quarta-feira, Chapo anunciou que irá estender o convite a líderes ou representantes de quatro pequenos partidos extraparlamentares para participarem do diálogo, antes da assinatura do acordo, cujo consenso afirma ter sido quase alcançado.
Segundo Chapo, serão convidados ao diálogo os representantes de quatro pequenos partidos que têm assentos nas Assembleias Provinciais (AP) de quatro províncias. Trata-se do PRD, que tem seis assentos na AP do Niassa; do PAHUMO, que tem oito assentos na AP de Cabo Delgado; do PARESO, que tem dois assentos na AP de Inhambane; e do PARENA, que tem cinco assentos na AP de Gaza.
Venâncio Mondlane obteve 24,19% nas eleições presidenciais e permitiu ao PODEMOS, partido que apoiou a sua candidatura, obter o segundo lugar na Assembleia da República, com 43 assentos, apesar dos múltiplos relatos de fraude eleitoral para beneficiar a Frelimo.
Chapo afirmou que, após a assinatura dos consensos dentro das referidas plataformas partidárias, o diálogo será aberto para incluir organizações da sociedade civil, meios de comunicação social, o sector privado e outros estratos sociais.
Entretanto, excluído do diálogo, Venâncio Mondlane continua a liderar manifestações de baixa intensidade um pouco por todo o país, que geram caos e paralisam a vida normal, com edifícios públicos e do Governo destruídos e comércio encerrado. Na província da Zambézia, há confrontos físicos regulares entre os manifestantes e as forças de defesa e segurança, resultando em mortes de ambos os lados. (MT)