Por Ricardo Dias & Noémia Mendes
Maputo (MOZTIMES) – A Frelimo reuniu-se na última sexta-feira, na província de Maputo, na terceira sessão extraordinária, para confirmar Daniel Chapo como presidente do partido e escolher o novo secretário-geral, cargo que foi confiado a Chakil Aboobacar.
Daniel Chapo obteve 239 votos dos membros do Comité Central presentes, o equivalente a 99,9% dos votos. Houve apenas dois votos em branco.
Por seu turno, Chakil Aboobacar, de 46 anos, foi eleito secretário-geral com 92,47% dos votos, registando 18 votos em branco. Aboobacar era candidato único à sucessão de Daniel Chapo, que ocupava o cargo desde Maio de 2024.
Tanto Chapo como Aboobacar destacaram que a Frelimo venceu as últimas eleições gerais de forma “convincente”, apesar de terem sido as mais contestadas da história do país, resultando em mais de 300 mortes.
Entretanto, ambos foram unânimes ao defender a necessidade de imprimir mudanças na forma como o partido tem dirigido os destinos do país desde 1975.
“A mudança é um processo de busca incessante de soluções para dar resposta a desafios cada vez mais complexos da sociedade, em constante transformação”, afirmou Daniel Chapo no discurso de encerramento da sessão.
Por sua vez, Aboobacar defendeu a necessidade de modernizar os métodos de trabalho do partido.
“A Frelimo sai de um pleito eleitoral vitoriosa, mas nem tudo correu bem. É preciso imprimir mudanças e trazer novos métodos de trabalho. Pensamos que, dentro da nossa pouca experiência, poderemos dar a nossa contribuição. Temos de ser um partido que trabalha e está com o povo”, declarou o novo secretário-geral à imprensa.
A Frelimo marcou para Março a eleição dos membros do secretariado do Comité Central para as áreas de Comunicação e Imagem, Administração e Finanças, Relações Internacionais e Formação de Quadros.
Nyusi Questiona Acumulação de Funções pelo Presidente da República
O antigo chefe de Estado e ex-presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, sugeriu que o partido faça uma reflexão sobre a acumulação de funções do Presidente da República e do presidente do partido.
“Nos últimos tempos, temos acompanhado debates sobre a situação do presidente do partido e do Presidente da República. Não pretendemos fechar esse debate, pois não temos competências para tal. Esta matéria requer mais aprofundamento e decisão do órgão máximo da Frelimo, que é o congresso”, afirmou Nyusi.
As declarações de Nyusi surgem após o Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique ter submetido uma providência cautelar a um tribunal de Maputo para tentar bloquear a eleição de Daniel Chapo, Presidente da República, ao cargo de presidente da Frelimo.
O pedido foi chumbado pela juíza do caso, que decidiu não haver matéria suficiente para decretar a providência cautelar, apurou o MOZTIMES.
O CIP argumenta que a acumulação dos cargos de Presidente da República e presidente de um partido político, além de violar a Constituição, compromete a lisura, imparcialidade e transparência das decisões do chefe de Estado, colocando os interesses partidários acima dos nacionais.
Com o Presidente da República a liderar o partido no poder, a organização anticorrupção alerta ainda para o risco crescente de captura do Estado por interesses partidários, bem como para a utilização de meios públicos para fins políticos. (RD/NM)