– É o terceiro caso de baleamento de membros do maior partido da oposição desde a realização das eleições de 9 de Outubro
Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Um delegado distrital do maior partido da oposição em Moçambique, o PODEMOS, foi alvejado dentro da sua casa, em Mocuba, na província da Zambézia, nesta quinta-feira.
Xadreque Francisco encontrava-se em casa na companhia da esposa quando três indivíduos armados invadiram a residência e o crivaram de balas, revelou o porta-voz do PODEMOS, Duclésio Chico, esta sexta-feira, em entrevista.
A vítima sobreviveu ao ataque e encontra-se neste momento em recuperação numa unidade hospitalar.
A 8 de Novembro, Xadreque Francisco foi condenado a uma pena de prisão suspensa por um tribunal de Mocuba, acusado de liderar manifestações violentas em contestação aos resultados eleitorais naquele distrito, segundo o jornal local Diário da Zambézia.
Este é o segundo ataque contra um membro importante do PODEMOS no mesmo distrito em menos de uma semana. No domingo passado, o secretário para a área de mobilização do PODEMOS, Eugénio Madeira, foi morto a tiro na cabeça nas proximidades da sua residência.
O assassinato de figuras importantes da oposição é frequente em Moçambique, especialmente em momentos de tensão política. Vários líderes da Renamo foram assassinados a tiro nos últimos anos, incluindo figuras proeminentes como Jeremias Pondeca, que foi deputado e, à data do seu assassinato, era membro do Conselho de Estado, um órgão de aconselhamento do Chefe de Estado, tendo sido indicado pela Renamo.
A província central da Zambézia tem sido um epicentro de protestos contra os resultados eleitorais. Em Inhassunge, Morrumbala e Ile, manifestantes atacaram prisões e libertaram reclusos. Em Mocuba, a sede do partido Frelimo foi destruída por apoiantes do líder da oposição, Venâncio Mondlane.
Esta é a terceira vez que membros associados ao PODEMOS são alvejados desde as eleições de 9 de Outubro. Entre as vítimas destacam-se Elvino Dias e Paulo Guambe, advogado e mandatário do partido que apoia Venâncio Mondlane, ambos mortos num duplo homicídio no centro da cidade de Maputo.
Venâncio Mondlane, que contesta os resultados das eleições gerais, alega estar a ser perseguido e alvo de tentativas de assassinato. Ele encontra-se fugitivo desde que foi atacado pela polícia enquanto falava com jornalistas na cidade de Maputo. (RD)