– Empresas de importação estão em risco de fechar devido à falta de moeda externa
– CTA irá submeter ao Banco Central cópias de facturas que aguardam pelo pagamento há meses.
Por Aurélio Muianga
Maputo (MOZTIMES) – No terceiro trimestre de 2024, várias facturas de importação de mercadorias para Moçambique não foram pagas pelos bancos comerciais, devido à escassez de divisas no país. O valor acumulado das facturas não pagas durante este período foi de 402 milhões de dólares (USD), segundo afirmou Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), maior associação empresarial de Moçambique.
Falando a jornalistas esta quinta-feira, em Maputo, Vuma explicou que a escassez de divisas nos bancos comerciais persiste e, neste momento, há empresas em risco de encerrar as suas actividades devido às dificuldades em obter divisas para pagar facturas de importação de mercadorias.
O Banco de Moçambique nega que haja escassez de divisas no país. No entanto, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) informou que vai reunir as facturas de importação em moeda externa, pendentes há mais de três meses, aguardando pagamento pelos bancos comerciais, e submetê-las ao Banco Central dentro de uma semana. Com isso, a CTA pretende comprovar que existe, de facto, escassez de divisas e que esta situação está a afectar os negócios.
Apresentando dados do ano passado, Vuma afirmou que o volume de operações de permuta de liquidez em moeda externa entre os bancos comerciais atingiu mínimos históricos no 2º trimestre de 2024, com um valor estimado de 5,5 milhões de dólares. Explicou que “isto é um primeiro sinal de que a liquidez está constrangida no sistema”.
Segundo os dados apresentados por Vuma, do primeiro ao terceiro trimestre de 2024, registou-se um aumento da compra de moeda externa pelos bancos comerciais junto dos seus clientes. Por outro lado, a venda de moeda externa dos bancos comerciais para os clientes reduziu.
“As compras de moeda externa pelos bancos comerciais cresceram 18% em relação às vendas aos clientes”, afirmou Vuma, explicando que isso significa que “a liquidez ficou entesourada nos bancos comerciais”.
Vuma detalhou ainda que, em 2024, os bancos comerciais absorveram dos seus clientes cerca de 1,8 mil milhões de dólares em liquidez de moeda externa, de forma acumulada. (AM)