– Os trabalhadores foram dispensados, mantendo-se apenas os serviços essenciais até que seja alcançado um acordo político
– Venâncio Mondlane ordenou às empresas mineiras que suspendesse as suas actividades até que ele tome posse em meados de Janeiro
PorMOZTIMES
Maputo (MOZTIMES) – A Montepuez Ruby Mining (MRM) encerrou temporariamente a sua mina de rubis, uma das maiores do mundo, localizada na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, citando preocupações de segurança devido à escalada da violência pós-eleitoral, afirmou um gestor sénior.
Manifestantes tentaram invadir parte da mina, levando a gestão da empresa a optar pelo encerramento temporário. Um representante sénior da empresa afirmou, em entrevista, que a mina só será reaberta quando houver um acordo político entre os actores políticos.
A mina de rubis é 75% detida pela Gemfields, com sede em Londres, sendo operada localmente pela MRM. Desde o início do conflito pós-eleitoral, foram registadas várias tentativas de invasão da mina, mas nunca antes a mina havia sido fechada.
O encerramento da mina mostra como a escalada da violência pós-eleitoral está a afectar a economia de Moçambique. A MRM é uma das maiores empresas em termos de contribuição fiscal para o Estado moçambicano.
Vários grupos de crime organizado operam na região, extraindo rubis ilegalmente. No entanto, a recente invasão parece ter sido alimentada por conflitos políticos.
Outras empresas multinacionais de mineração abandonaram ou suspenderam as operações devido à escalada da violência pós-eleitoral.
A empresa australiana Syrah Resources, que explora grafite em Balama, na mesma província, declarou “força maior” para suspender as operações mineiras devido ao clima de instabilidade que afecta o país.
Outra multinacional australiana, a South32, que opera a fundição de alumínio Mozal nos arredores de Maputo e é um dos maiores contribuintes fiscais do país, enfrenta desafios devido à insegurança. As estradas bloqueadas impedem o acesso à vizinha África do Sul e ao Porto de Maputo.
Outra empresa em dificuldades é a SASOL, a petroquímica sul-africana que explora gás natural em Temane, na província meridional de Inhambane, e que reduziu a sua produção devido à instabilidade causada pelos protestos pós-eleitorais.
A empresa irlandesa Kenmare Resources, que explora areias pesadas na província de Nampula, tem sido alvo de ataques, incluindo danos e confiscação de veículos, que posteriormente foram devolvidos. Os manifestantes chegaram a impedir a aterragem de um avião que transportava executivos num aeródromo local, próximo de um dos maiores produtores mundiais de titânio e zircão.
Tudo isto ocorre durante os protestos convocados pelo candidato presidencial exilado, Venâncio Mondlane, que contesta os resultados eleitorais que deram 65% de vitória ao partido governante Frelimo (no poder desde a independência, em 1975) e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Mondlane chegou a declarar que todas as empresas mineiras que operam em Moçambique deveriam suspender as suas actividades até 15 de Janeiro, data em que o Presidente eleito deverá tomar posse. Mondlane diz que vai tomar posse mesmo dia.
Estas paralisações e suspensões de empresas mineiras mostram que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique não têm capacidade para proteger as infra-estruturas estratégicas que operam no país. (MT)