– Venâncio Mondlane adia anúncio das novas medidas de protesto para 2 de Janeiro
Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Líderes dos partidos da oposição, que se reuniram esta segunda-feira com o Presidente Filipe Nyusi, em Maputo, reafirmaram que não reconhecem os resultados das eleições de Outubro passado e exigiram diálogo político.
O encontro foi convocado pelo Presidente Nyusi para auscultar os líderes dos partidos da políticos, sobretudo os com assento no parlamento. No final da reunião, Lutero Simango, presidente do MDM, falou em representação de quatro partidos: o PODEMOS, a RENAMO, a Nova Democracia e o próprio MDM.
Daniel Chapo, secretário-geral da FRELIMO e presidente eleito, também esteve presente no encontro, mas não fez quaisquer declarações.
Simango afirmou que os quatro partidos foram unânimes em rejeitar os resultados das eleições e pediram diálogo para implementar reformas no país.
“Os partidos reafirmaram o seu posicionamento de não reconhecer os resultados eleitorais, mas manifestaram abertura para um diálogo interno que permita discutir a situação política, económica e social do país”, disse Simango aos jornalistas. “Assumiram que vão continuar a dialogar de forma colectiva para as reformas do país, pois há uma necessidade de estabelecer um novo pacto social”, acrescentou.
Simango revelou ainda que, na próxima semana, será feito o mapeamento das áreas prioritárias para o diálogo.
Na introdução do encontro com os líderes políticos, o presidente Nyusi destacou a necessidade de diálogo e afirmou que somente os moçambicanos podem resolver os seus próprios problemas para superar a crise pós-eleitoral em Moçambique.
Os resultados das eleições de 9 de outubro colocaram a Frelimo como vencedora, com 171 dos 250 assentos no parlamento, relegando os partidos da oposição com assento no parlamento para um papel figurativo, sem qualquer poder de influenciar ou negociar os planos do governo ou propostas de legislação.
As eleições foram descritas como fraudulentas por vários grupos de observação, nacionais e internacionais, incluindo a missão de observação eleitoral da União Europeia.
Os resultados das eleições estão a ser contestados por todos os líderes da oposição, sobretudo pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que lidera uma manifestação popular desde Outubro. Mais de 270 pessoas perderam a vida desde o início dos protestos, a maioria baleadas pela polícia em confrontos com manifestantes, segundo a plataforma DECIDE.
Milhares de infraestruturas económicas e sociais foram destruídas, e algumas empresas de mineração foram forçadas a encerrar ou suspender as suas actividades.
Na quinta-feira, 02 de Janeiro, Mondlane irá anunciar as novas medidas de protesto referentes à fase mais dura, que denomina “ponta de lança”.
Mondlane reservou os dias de terça-feira e quarta-feira para promover a reunificação dos moçambicanos, segundo afirmou. (RD)
(Artigo atualizado às 21h20 com a data de anúncio da nova fase de manifestações)