Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – A semana começou com multidões a bloquearem, nesta segunda-feira, as principais vias de acesso a Maputo e à cidade da Beira, as duas mais importantes cidades de Moçambique.
Em Maputo, os manifestantes exigiam a redução dos preços dos bens alimentares essenciais, enquanto, na Beira, reivindicavam a reparação de uma passadeira pedonal danificada na zona do Vaz.
O bloqueio na entrada de Maputo começou na Estrada Nacional número dois (EN2), que liga Maputo a ESwatini, mas rapidamente alastrou-se para a autoestrada Maputo-África do Sul (EN4). Esta última é um troço com cerca de 100 quilómetros, concessionado à empresa sul-africana Trans-Africa Concessions (TRAC).
Na Beira, a exigência dos manifestantes deve-se ao facto de a passadeira pedonal original ter sido destruída por um camião em Novembro. Com o início do ano lectivo, os pais estão preocupados com a segurança dos seus filhos, que precisam de atravessar a estrada para chegar à escola e necessitam de uma passagem segura.
Em ambos os locais, por volta das 07h00, as multidões ergueram barricadas e exigiram que as autoridades dessem atenção às suas reivindicações.
Na Beira, as autoridades prometeram aos manifestantes que uma nova passadeira pedonal seria instalada no prazo de 15 dias. Esta garantia foi suficiente para que os manifestantes levantassem o bloqueio e o trânsito voltasse a fluir normalmente.
No entanto, em Maputo, à hora da redacção desta notícia, o bloqueio continuava. Na realidade, trata-se da continuação de protestos iniciados em Outubro. O bloqueio de estradas na província de Maputo tornou-se frequente, com impactos negativos na economia do país.
Na última terça-feira, a principal estrada que liga Maputo ao resto do país foi bloqueada em Bobole, nos arredores da cidade, durante mais de 14 horas, com a polícia a responder com gás lacrimogéneo e munições reais. Isto gerou ainda mais caos, com episódios de pilhagem e sabotagem.
A redução dos preços está entre as exigências feitas pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Ele emitiu um “decreto” no qual enumerou alguns produtos, nomeadamente cimento, cujo preço exigia que fosse reduzido.
Outras reivindicações incluem a isenção de pagamento nas portagens por um período de três meses e o fornecimento gratuito de água potável aos consumidores (o que levaria as empresas de abastecimento à falência). (RD).