Por Aurélio Muianga e Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – A população residente nos bairros periféricos da cidade de Maputo resistiu, esta segunda-feira, a mais uma instrução para retomar o pagamento das taxas de portagem em todas as vias de acesso à cidade.
A resistência ao pagamento de portagens é uma das medidas de desobediência civil anunciadas pelo líder da oposição, Venâncio Mondlane, que continua a rejeitar os resultados das eleições presidenciais do ano passado e ameaçou formar um governo paralelo.
As duas empresas concessionárias responsáveis pelas portagens instaladas nas vias que dão acesso à capital alegam estar a acumular prejuízos financeiros devido à falta de pagamento, colocando centenas de postos de trabalho em risco. Trata-se da Rede Viária de Moçambique (REVIMO), detida maioritariamente pelo Estado e concessionária de três portagens localizadas nos arredores da capital, Maputo, e da sul-africana Trans-African Concession (TRAC), responsável por duas portagens ao longo do principal corredor que liga o porto de Maputo à vizinha África do Sul, a Estrada Nacional Número 4 (EN4).
Na manhã desta segunda-feira, os automobilistas recusaram-se a pagar as taxas de portagem, gerando um ambiente de caos nas vias de acesso à capital. A Polícia recorreu ao disparo de granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, mas a acção não surtiu efeito. No final, os automobilistas atravessaram as portagens sem efectuar qualquer pagamento.
Ao longo das manifestações contra os resultados eleitorais, várias portagens em zonas rurais e distritos afastados da capital foram vandalizadas. Contudo, as três portagens que dão acesso à cidade foram poupadas devido ao reforço da segurança policial. Agora, a população ameaça vandalizar estas portagens caso a cobrança das taxas seja retomada.
Para além da resistência às taxas de portagem, Venâncio Mondlane defendeu que os moradores de Maputo não deveriam pagar as contas de consumo de água e que as tarifas de electricidade deveriam ser reduzidas. No entanto, estas medidas enfrentam dificuldades práticas, já que as empresas fornecedoras destes serviços podem interromper o fornecimento em caso de não pagamento. (AM e RD)