– Chefe do Estado confirma ter mantido conversa telefónica com Venâncio Mondlane, líder da oposição que está em fuga desde Outubro
Por MOZTIMES
Maputo (MOZTIMES) – O Presidente Filipe Nyusi garantiu esta quinta-feira que não tem intenção de se manter no poder para além do término do seu mandato, em Janeiro do próximo ano.
Falando em comunicação à nação por ocasião das celebrações do Natal, Nyusi afirmou que não pretende usar o contexto da crise pós-eleitoral para decretar estado de emergência ou estado de sítio com o intuito de prolongar o seu mandato.
Moçambique enfrenta uma crise de violência pós-eleitoral que já causou mais de 130 mortos e milhares de feridos. Os protestos foram convocados pelo candidato presidencial da oposição, Venâncio Mondlane, e têm decorrido desde o final de Outubro.
Mondlane anunciou a suspensão das manifestações esta semana, após o ciclone Chido ter devastado a região norte do país. No entanto, há um grande risco de os protestos retomarem na segunda-feira, com a proclamação dos resultados das eleições que dão vitória ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Havia receios de que o Governo pudesse decretar estado de sítio e adotar medidas de restrição dos direitos civis e políticos para conter os protestos. Tal ação poderia levar ao prolongamento do mandato do Presidente Nyusi, que termina em Janeiro de 2025, quando o Presidente eleito em Outubro último deverá tomar posse.
“Não tenho intenção de estender o meu mandato”, afirmou Nyusi. “Quero deixar claro que, em Janeiro de 2025, deixarei o poder”, acrescentou na comunicação televisionada.
Filipe Nyusi revelou ainda que manteve uma conversa telefónica de cerca de uma hora com o líder da oposição, Venâncio Mondlane, com o objectivo de restaurar a paz em Moçambique. Contudo, não revelou o conteúdo da conversa.
Este é o esforço mais significativo de diálogo entre o Governo e o candidato presidencial da oposição, que tem liderado a revolta popular contra os resultados eleitorais. Uma tentativa anterior de diálogo entre o Presidente Nyusi e os quatro candidatos presidenciais falhou no mês passado devido à ausência de Mondlane, que se encontra em fuga desde o final de Outubro, quando foi atacado pela polícia antimotim enquanto falava a jornalistas na capital, Maputo. (M)