Por António Cumbane
Maputo (MOZTIMES) – A cidade capital Maputo parou,literalmente, esta segunda-feira, com veículos a buzinar nas ruas, no intervalo entre as 12 horas e às 12.15, em resposta ànova vaga e forma de manifestações conduzidas pelo candidato presidencial da oposição, Venâncio Mondlane.
Desta vez, Venâncio Mondlane preferiu aconselhar os manifestantes a não paralisar por completo as actividades, mas a gastarem15 minutos do dia para homenagear os mortos por disparos da Polícia neste período. Serão três dias.
As buzinas e as marchas paralisaram temporariamente asprincipais vias da cidade, incluindo as avenidas Eduardo Mondlane, 24 de Julho, Guerra Popular (zona baixa da cidade), 25 de Setembro e outros locais de muita aglomeração de pessoas.
Não houve vandalização de bens e a Polícia não interveio para impedir os protestos. Depois dos 15 minutos, a circulação voltou à normalidade, com os manifestantes a abandonarem as avenidas e a retomarem as suas actividades.
Muitos funcionários de empresas privadas da capital, incluindo bancos e outros esceritórios da classe média, estiveram vestidos a preto, em homenagem às cerca de 67 pessoas assassinadas pela Polícia durante as manifestações. Este número é confirmado pela Plataforma Decide, um grupo de observadores eleitorais que está a fazer o registo de todas as pessoas assassinadas durante as manifestações contra os resultados eleitorais.
“É um momento difícil. Há muitas mortes nestas manifestações e ele (Venâncio Mondlane) aconselhou-nos a não retaliar, mas sim manifestar e observar paralisações curtas”, afirmou Sebastião Marcos, motorista entrevistado a buzinar na avenida Eduardo Mondlane.
“Eu acho que o Venâncio chegou à conclusão de que parar tudo já não era viável. 15 minutos de buzinas não matam a ninguém”, disse Alvio Jorge, outro entrevistado a vender acessórios de telemóveis na avenida Amílcar Cabral, no coração da cidade de Maputo.
Venâncio Mondlane decidiu, desta vez, pela via de prestar homenagem aos mortos, ao pedir aos cidadãos para observar luto nacional de três dias. Durante este período deverão fazer-seà rua vestidos de preto. Também orientou a continuação da greve de batidas nas panelas, das 21 às 22 horas.
A contestação aos resultados das eleições em Moçambique surge depois de os partidos da oposição, observadores locais e internacionais de eleições denunciaram casos de fraude eleitoral,incluindo o enchimento de urnas, nas eleições de 9 de Outubro. O Conselho Constitucional, com funções de Supremo Tribunal Eleitoral, deverá pronunciar-se até ao final do mês de Dezembro sobre os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, no dia 24 de Outubro, que conferem vitória ao partido no poder, Frelimo, com mais de 76% dos votos, e ao seu candidato presidencial Daniel Chapo, com mais de 70% dos votos. (AC)