-O líder da oposição diz que amanhã vai enviar uma agenda para as conversações
-Há risco de Mondlane ser detido neste encontro porque é acusado do crime contra a segurança do Estado
Por António Cumbane
Maputo (MOZTIMES) – O candidato presidencial Venâncio Mondlane disse hoje que aceita o diálogo com o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, no qual também deverão estar presentes Daniel Chapo, candidato da Frelimo, Lutrero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o presidente do PODEMOS, Albino Forquilha, desde que haja uma agenda clara.
Mondlane, que falava na sua live a partir de um local incerto, anunciou que amanhã (sexta-feira 22) vai enviar ao Presidente da República uma proposta do que deve ser discutido na reunião.
“A proposta do Presidente da República é de um encontro entre os quatro candidatos incluindo o presidente do PODEMOS. Eu, Venâncio Mondlane, aceito estar nesta mesa de diálogo. Mas, sendo um encontro, ele deve ter uma agenda. E, para eu não ir de mãos vazias, amanhã vou submeter ao presidente da República um oficio assinado por mim e suportado por vários cidadãos a quem, ao longo deste tempo, pedi que dessem as suas opiniões sobre as manifestações. A agenda tem 20 pontos e vamos partilhar ao povo moçambicano e a comunidade internacional”, disse.
Fez saber ainda que durante este período recebeu mais de 40 mil emails de cidadãos nacionais propondo como é que as manifestações de repúdio contra os resultados eleitorais deveriam ser conduzidas.
Deu STOP nas manifestações de rua, apelando a não violência desnecessária. Mas as buzinas e o luto continuam até amanhã, sexta-feira, e depois seguir-se-ão outras etapas das manifestações.
Na terça-feira, durante uma comunicação à nação, o Chefe do Estado moçambicano apelou, em nome da vida, paz e do diálogo, ao não uso da violência nas manifestações que, segundo dados da Plataforma Decide, já mataram 67 pessoas em Moçambique.
O encontro, segundo uma carta emitida pela ministra na Presidência para os Assuntos da Casa Civil, terá lugar no Gabinete da Presidência da República, no próximo dia 26 de Novembro de 2024, pelas 16 horas, para discutir a situação do país no período pós-eleitoral.
Entretanto há risco de Venâncio Mondlane ser detido porque o Ministério Público acusa-o de crime contra a seguranças de estado por ter convocado uma manifestação popular para tomar o poder por vias inconstitucionais.
No passado, um membro sénior da oposição e membro do Conselho do Estado viu a sua imunidade quebrada e foi detido após participar numa reunião na Presidência.
A contestação aos resultados das eleições em Moçambique surge depois de os partidos políticos da oposição, observadores locais e internacionais de eleições denunciarem casos de fraude eleitoral, incluindo o enchimento de urnas, nas eleições de 9 de Outubro nas quais, segundo a Comissão Nacional de Eleições, a Frelimo obteve 76% dos votos e a o candidato presidencial Daniel Chapo teve mais de 70 % dos votos, deixando para trás Venâncio Mondlane, com 20%. (AC)