- Cerca de 40% de empresas directamente afectadas pelas manifestações detêm empréstimos bancários por pagar
- Mais de 17 mil contratos de trabalho foram terminados ou suspensos
Aurélio Muianga
Maputo (MOZTIMES) – O secretário-geral da Associação dos Bancos Comerciais (AMB), Elísio Langa, disse, em entrevista ao MOZTIMES, que os bancos comerciais abriram uma linha de crédito de 10 milhões de dólares para financiar Pequenas e Médias Empresas (PME’s) e que o valor já está disponível.
Segundo Langa, a linha de crédito tem juros bonificados de 15% e surge como materialização das medidas imediatas propostas, na passada quinta-feira, ao Presidente da República, Daniel Chapo, para a recuperação da economia nacional. A medida tem o objectivo de aliviar a pressão financeira e manter o emprego, no contexto de uma tensão eleitoral caracterizada pela vandalização e pelos saques.
“O crédito será disponibilizado exclusivamente pelos 22 bancos filiados a esta associação. Os critérios para a concessão dos empréstimos já estão definidos, mas cada banco vai disponibilizá-los segundo a avaliação do risco de endividamento de cada requerente”, explicou Langa.
Os bancos comerciais propuseram ao Presidente Daniel Chapo medidas para a recuperação das empresas e para a mitigação dos impactos das manifestações.
Segundo dados apresentados no Economic Briefing, dos cerca de 17 mil postos de emprego afectados pelas manifestações, 5.200 pertencem ao sector do comércio e serviços, 4.300 à hotelaria e restauração e 4.000 à indústria.
A título de exemplo, a Merec Industries, uma referência nacional na produção de farinha de milho e rações, com fábricas e silos em Maputo, Beira e Nacala, tem cerca de 500 trabalhadores efectivos e sazonais afectados pelas manifestações e estima o prejuízo financeiro em USD 20 milhões.
O Grupo Maeva, outra referência na produção de óleos e sabões, contabiliza 600 contratos de trabalho terminados ou suspensos.
Ainda, de acordo com dados da CTA, as manifestações põem em risco o pagamento da dívida das empresas, devido à incerteza da retoma das actividades.
“Aproximadamente 40% das empresas da amostra têm empréstimos e perto de 70% não têm perspetiva de retoma a curto prazo”, refere o documento de impacto das manifestações no sector empresarial. (AM)