Por MOZTIMES
Maputo (MOZTIMES) – Os principais bancos comerciais de Moçambique anunciaram o encerramento das suas agências nesta segunda-feira, 23 de Dezembro, como medida preventiva face ao risco de tumultos que podem ocorrer, com a proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional (CC). A decisão, incomum em tempos de paz, reflecte o ambiente de incerteza causado pela crise pós-eleitoral em Moçambique.
Em comunicações dirigidas aos clientes, os bancos recomendaram a antecipação de operações essenciais, como levantamentos e transferências, e alertaram para possíveis falhas nas plataformas digitais, caso ocorram tumultos. O encerramento das agências junta-se a medidas semelhantes, consideradas por empresas e organizações, que procuram proteger colaborares e bens diante da possibilidade de instabilidade.
A tensão aumenta com o aproximar do anúncio do CC, marcado por um comunicado tardio, apenas divulgado no final de domingo. A presidente do CC, Lúcia Ribeiro, assegurou que a instituição está comprometida em garantir a “verdade eleitoral”. No entanto, a lentidão no processo e a falta de transparência têm gerado críticas.
Venâncio Mondlane, candidato presidencial da oposição e líder de contestação dos resultados eleitorais, tem sido enfático, ao atribuir ao CC a responsabilidade pela paz ou pelo caos no país. “Da boca de Lúcia Ribeiro sairá o destino de Moçambique: estabilidade ou violência”, declarou, recentemente, Mondlane.
Este sábado, Mondlane publicou um texto que chamou de “testamento”, no qual afirmou que perdeu tudo, mas que continua a lutar contra os poderosos. “Se eu morrer, o povo saberá o que fazer”, escreveu, numa mensagem que intensificou o clima de apreensão.
Manuel de Araújo, presidente do Município de Quelimane e aliado próximo de Mondlane, reforçou esse tom, apontando que “a democracia não pode ser refém de interesses obscuros” e responsabilizou, directamente, o Conselho Constitucional pela credibilidade do processo eleitoral.
O contexto actual mostra a fragilidade das instituições moçambicanas em momentos decisivos. O encerramento dos bancos, uma medida extraordinária, é um reflexo directo do impacto do clima de incerteza na rotina dos cidadãos. Empresas, organizações não-governamentais e até instituições públicas consideram medidas semelhantes. Analistas políticos alertam que a reacção popular dependerá, directamente, da forma como os resultados forem recebidos. Nas redes sociaisàapelos à calma coexistem com mensagens que incitam à mobilização, alimentando um clima de expectativa volátil.
Com a divulgação dos resultados, a poucas horas de distância, Moçambique aguarda ansiosamente. Este momento é mais do que uma decisão eleitoral; é um teste à resiliência das instituições e à confiança do povo no sistema democrático. As próximas horas serão decisivas, não apenas para os resultados eleitorais, mas para o futuro político e social do país. (MT)