- Governo provincial oferece primeira ajuda humanitária, insuficiente para a demanda
- Organizações das Nações Unidas impedidas de prestar assistência devido ao receio de novos ataques
Por MOZTIMES
Nampula (MOZTIMES) – A recente onda de ataques terroristas no norte da província de Nampula está a gerar uma crise humanitária, com milhares de pessoas a fugir das suas casas em busca de abrigo em locais mais seguros. Nos pontos de chegada, os deslocados internos não encontram condições mínimas de acomodação.
O governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, visitou esta terça-feira parte dos deslocados que se encontram no Posto Administrativo de Alua, no distrito de Eráti, acompanhado por jornalistas locais, e a situação encontrada no terreno é dramática.
Milhares de pessoas, incluindo mulheres e crianças, vivem ao relento, sem alimentos e sem condições mínimas de saneamento básico. O actual período chuvoso agrava a situação, aumentando o risco de eclosão de doenças relacionadas com a falta de higiene, como diarreias e cólera.
Durante a sua visita a Alua, o governador transportou três camiões com produtos alimentares disponibilizados pelo governo provincial de Nampula e pelo Instituto Nacional de Gestão de Desastres.
No local, as pessoas estão acomodadas em salas de aula, interrompendo o decurso do ensino. Foram montadas 53 tendas para as famílias que não cabem nas salas, mas ainda há muitas pessoas sem espaço para abrigo.
“Estou aqui pessoalmente para vos dar força, para me solidarizar convosco e para vos apelar a não regressarem às vossas terras de origem até que haja segurança”, disse o governador Eduardo Abdul, no encontro com a população.
Um documento dos parceiros das Nações Unidas publicado esta terça-feira refere que existem estimados 128 mil deslocados em Nampula, sem indicar o período em que essas deslocações ocorreram. Sobre os ataques mais recentes, o documento explica que está a ser difícil fazer chegar ajuda humanitária às vítimas devido à persistência das ameaças de segurança.
“Por recomendação das autoridades, os parceiros em Nampula informaram que as missões de campo não serão enviadas para Memba de imediato devido às operações militares contra os Grupos Armados Não Estatais e enquanto não houver maior clareza sobre a situação de segurança”, lê-se no documento. A INSO, organização de segurança que presta apoio a entidades não governamentais, também aconselhou os parceiros a evitarem, até novo aviso, as estradas R1153 e R703, que são duas das vias que ligam Memba-sede a Eráti e a Nacala Velha”, acrescenta o relatório. (MT)















