- O ataque mostra tendência de expansão do grupo para o sul de Cabo Delgado
- Daniel Chapo instrui FADM a liderar a luta contra o terrorismo
Por MOZTIMES
Pemba (MOZTIMES) – Os ataques dos insurgentes estão a descer para o sul da província de Cabo Delgado e já transpuseram a vila-sede de Macomia. Na noite de quinta-feira (20), os insurgentes atacaram uma posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) em Bilibiza, a cerca de 100 quilómetros da capital provincial, Pemba. E, mais uma vez, não houve resposta efectiva das forças governamentais.
O Estado Islâmico reivindicou o ataque, através dos seus canais de propaganda, afirmando que os insurgentes mataram dois militares e apoderaram-se de equipamentos, incluindo armamento e munições.
Ao longo das últimas semanas, os insurgentes têm atacado aldeias no norte de Macomia, demonstrando tendência de expandir-se para o sul. Apesar de existir uma posição das Forças de Defesa do Ruanda, estabelecida no posto administrativo de Chai, os insurgentes encontraram pouca oposição nas suas incursões.
No dia 12 de Fevereiro, houve confrontos entre as forças de Ruanda e um grupo de insurgentes na aldeia de Litamanda, no posto administrativo de Chai que, segundo fontes militares, visava travar o avanço dos ataques para a vila de Macomia, onde se concentra um elevado número de pessoas deslocadas internamente devido ao conflito.
Contudo, o ataque da última quinta-feira, em Quissanga, demonstra que os insurgentes conseguiram avançar para o sul. Mesmo sem atacar a vila de Macomia, a presença de insurgentes ao longo da Estrada Nacional Número 380 (N380), tanto a sul (Bilibiza) como a norte (Chai) de Macomia, deixa a vila-sede distrital cercada e sob risco de sofrer um ataque de grande dimensão.
Na passada sexta-feira (21), o Presidente Daniel Chapo afirmou que nenhum distrito estava sob controlo dos insurgentes e instruiu as Forças Armadas de Defesa de Moçambique a liderarem o combate ao terrorismo.
“Liderem os esforços de combate ao terrorismo na dimensão militar, de forma a que este mal passe para a história o mais breve possível”, disse Chapo, discursando na abertura do Ano Operacional Militar 2025, na província da Zambézia.
Chapo congratulou as FADM e as forças estrangeiras da SAMIM e Ruanda, por garantirem que nenhum distrito esteja sob controlo dos insurgentes, mas reconheceu implicitamente que ainda há muito trabalho por fazer.
“A partir de hoje, temos de nos empenhar para que os terroristas não estejam nas vilas e em nenhum metro quadrado do nosso território nacional”, afirmou Chapo.
Os ataques dos insurgentes em Cabo Delgado duram há cerca de oito anos. Já causaram a morte de mais de cinco mil pessoas e mais um milhão de deslocados internos. Paralisaram investimentos em projectos de extracção e processamento de gás natural, estimados em mais de 20 mil milhões de dólares, no projecto Mozambique LNG, liderado pela francesa TotalEnergies. (MT)