- A Polícia foi chamada ao local e disparou balas que feriram alguns invasores. A situação continua tensa e há risco de paralisação de actividades
Por Macário Severiano
Pemba (MOZTIMES) – Centenas de mineradores ilegais invadiram a maior mina de rubis do mundo, localizada na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, ameaçando a paralisação de actividades. A mina é responsável pelo fornecimento de aproximadamente 50% da oferta mundial de rubis e é detida em 75% pelo grupo britânico Gemfields, através da empresa local Montepuez Ruby Mining (MRM).
Segundo fontes locais, a invasão à mina iniciou no sábado e só foi interrompida este domingo com a chegada de unidades da Polícia antimotim destacadas para repelir os invasores. Uma fonte da empresa confirmou a invasão que a descreveu como a maior a acontecer este ano, tomando como base o número de invasores mobilizados das aldeias circunvizinhas.
Na noite de domingo, a MRM emitiu um comunicado a confirmar a invasão à mina, alegando que é “promovida por sindicatos de contrabando de rubis”.
A invasão à área de concessão mineira da Montepuez Ruby Mining é frequente. Pelo menos uma vez por mês, um grupo de até 200 mineradores locais entra ilegalmente na mina para extrair rubis, usando métodos artesanais. Contudo, desta vez estima-se que o número de invasores seja muito superior aos habituais, o que levanta sérios riscos de segurança na mina.
A área de concessão mineira da MRM é de cerca de 35 mil hectares, localizada numa zona rural do sul da província de Cabo Delgado, o que dificulta o seu controlo. Desde 2017, a província onde a mina se localiza é alvo de ataques terroristas protagonizados por um grupo jihadista local denominado Ahlu Sunnah wa Jamaah (ASWJ), apoiado pelo Estado Islâmico (IS).
Embora não exista uma ligação comprovada entre a mineração ilegal e a actividade terrorista, admite-se que os sindicatos de crime organizado que financiam a mineração ilegal mantenham ligação com os grupos terroristas.
“Uma campanha de desinformação que circula nas redes sociais e que está a ser promovida por sindicatos de contrabando de rubis, que sugere falsamente que a MRM abriu a sua mina a qualquer pessoa para extracção de rubis durante 24 horas, com o objectivo de promover a desordem na concessão da MRM e de alimentar os sindicatos com mais rubis”, refere a Montepuez Ruby Mining em comunicado.
Até à noite deste domingo, a situação ainda era descrita como tensa e havia relatos de pessoas baleadas mortalmente pela Polícia. A MRM desmentiu que tenha havido casos de mortes, mas confirmou que duas pessoas sofreram ferimentos por arma de fogo quando a polícia reagiu a uma escalada de agressão. (MS)