- Há risco de violência e paralisação de actividades públicas sobretudo na capital Maputo
Por Sheila Nhancale
Maputo (MOZTIMES) – Venâncio Mondlane, líder da oposição, convocou uma manifestação nacional para os próximos dias 13, 14 e 15 de Janeiro, durante a tomada de posse dos deputados da Assembleia da República e do Presidente proclamado vencedor das eleições gerais de 09 de Outubro, Daniel Chapo.
“Segunda-feira, dia 13, terça-feira, dia 14, e quarta-feira, dia 15 são dias importantes. Três dias de decisão sobre o que o povo quer para o seu futuro. Estes três dias devem ser de greve nacional. Temos de paralisar todas as actividades”, disse Mondlane. “Devemos manifestar-nos na segunda-feira com cartazes contra os traidores do povo. Na quarta-feira, dia 15, devemos manifestar-nos contra os ladrões do povo”, acrescentou.
Durante o seu discurso, Mondlane questionou mais uma vez a legitimidade do processo eleitoral, criticando o que considera de manipulação de votos e negociatas nos bastidores.
"Os partidos que tiveram os votos negociados, os votos arranjados, vão tomar posse na segunda-feira. A minha pergunta é: esta tomada de posse, supostamente para representar o povo, vai mesmo representar o povo? Ou vai representar os seus próprios interesses?", questionou.
O líder da oposição também criticou a eleição do novo presidente, Daniel Chapo, afirmando que o processo foi viciado. "Ele foi eleito pelo Conselho Constitucional, eleito pela Polícia…".
Apesar das suas críticas às autoridades e ao processo eleitoral, Mondlane apelou por manifestações pacíficas e sem violência. "Devemos demonstrar o nosso repúdio de forma pacífica, sem destruir bens privados ou públicos, sem agredir os nossos irmãos. Este é o nosso direito constitucional", enfatizou, pedindo que os protestos sejam conduzidos de forma ordeira e respeitosa.
Após o Conselho Constitucional ter proclamado Daniel Chapo como Presidente da República, a 23 de Dezembro, Mondlane liderou uma grande manifestação de contestação. Em apenas cinco dias, os protestos resultaram em 176 mortes, 240 baleamentos, 167 detidos, vários saques e em incêndios em diversas unidades policiais e sedes do partido no poder. Segundo a plataforma Decide, mais de 294 pessoas já morreram desde o início das manifestações, em Outubro, sendo a maioria das mortes causadas por baleamentos pela polícia.
Grupos de observação eleitoral, nacionais e internacionais, reportaram casos de irregularidades durante as eleições. A missão de observação eleitoral da União Europeia referiu-se a episódios de enchimento de urnas em sete províncias e à alteração injustificada de resultados.
O Conselho Constitucional vai realizar a cerimónia de investidura de Daniel Chapo como quinto presidente de Moçambique no dia 15 de Janeiro e a Assembleia da República realizará a investidura dos deputados no dia 13 de Janeiro. (SN)