Por Noémia Mendes
Maputo (MOZTIMES) – O Governo de Moçambique aprovou, nesta terça-feira, o plano de desenvolvimento do projecto Coral Norte, uma nova plataforma flutuante de gás natural liquefeito (FLNG, sigla em inglês) a ser instalada na Área 4 da Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.
Avaliado em USD 7,2 mil milhões, o projecto prevê a produção anual de 3,5 milhões de toneladas de GNL durante 30 anos, com início previsto para 2028. Trata-se da segunda infra-estrutura do género no país, liderada pela petrolífera italiana Eni, num consórcio que inclui também a ExxonMobil, CNPC, Galp, KOGAS, ADNOC e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
Segundo o porta-voz do Governo e Ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, que falava à imprensa após a décima primeira Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, a aprovação do decreto marca o avanço para a segunda fase do desenvolvimento do campo Coral Norte.
“O plano constitui a segunda fase do desenvolvimento do campo Coral Norte e consiste numa infra-estrutura flutuante de liquefacção de gás natural, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas por ano e seis poços de produção”, explicou o porta-voz, indicando que a produção está prevista para iniciar no segundo trimestre de 2028.
A Coral Norte FLNG será instalada a cerca de 10 quilómetros da unidade Coral Sul, onde opera a primeira FLNG do país desde Novembro de 2022. A Coral Sul já exportou 100 carregamentos de GNL para a britânica BP Poseidon, no âmbito de um contrato de fornecimento de 20 anos, renovável por mais 10.
De acordo com o Instituto Nacional de Petróleo (INP), a Coral Norte será uma réplica da Coral Sul, cuja eficácia em águas profundas está comprovada. O INP estima que, ao longo de 25 anos de operação, o Estado arrecadará cerca de USD 23 mil milhões em receitas provenientes de impostos e outras contribuições.
O projecto inclui ainda a disponibilização de gás natural ao mercado doméstico e a monetização do condensado para fins industriais, através da ENH. Está igualmente prevista a contratação de mão-de-obra local e a implementação de um Plano de Sucessão, destinado a qualificar quadros moçambicanos no sector energético.
A concessão da Área 4 Offshore da Bacia do Rovuma é detida pela Mozambique Rovuma Venture (MRV) — um consórcio formado pela Eni, ExxonMobil e China National Petroleum Corporation (CNPC), que detém 70% de participação. A ENH, a portuguesa Galp, a sul-coreana KOGAS e a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) detêm, cada uma, 10% de interesse participativo.
As plataformas FLNG (Floating Liquefied Natural Gas) são infra-estruturas flutuantes instaladas directamente sobre os campos de gás, em alto-mar, e permitem realizar todo o processo de extracção, liquefacção, armazenamento e exportação no local, sem necessidade de gasodutos até à costa. Esta tecnologia, além de eficiente, reduz o impacto ambiental e acelera os prazos de implementação. (NM)