Por Sheila Nhancale
Maputo (MOZTIMES) – O líder da oposição, Venâncio Mondlane, convocou na noite desta segunda-feira uma nova fase de manifestações que ocorrerão durante três dias, de quarta a sexta-feira, com foco nos principais portos e corredores de desenvolvimento de Moçambique.
Caso se realizem, as manifestações poderão afectar severamente o comércio internacional com os países da região, que dependem dos portos de Maputo, Beira e Nacala para a importação e exportação de produtos.
As manifestações são parte da contestação dos resultados das eleições do mês passado, nas quais o partido no poder, Frelimo, foi declarado vencedor, em meio a fortes alegações de fraude, incluindo relatos de observadores nacionais e internacionais.
“Pedimos aos camionistas que suspendam toda a actividade. Não vamos forçar ninguém; é um pedido para mostrar que estão a viver uma vida miserável,” afirmou Mondlane durante uma transmissão ao live, que foi acompanhada por cerca de cem mil pessoas no Facebook.
Ao concentrar as manifestações nos corredores logísticos, Mondlane afirma que seu objectivo é impactar os negócios das elites políticas e económicas ligadas ao partido no poder, que são beneficiários efectivos dos negócios logísticos dos corredores e portos.
As mobilizações planeadas, se concretizadas, têm potencial para afectar as exportações e importações de países vizinhos como África do Sul, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia, que usam portos moçambicanos para o comércio internacional.
Estimativas indicam que as manifestações ocorridas nos últimos dez dias em Moçambique causaram prejuízos económicos de cerca de 360 milhões de dólares americanos.
O governo poderá recorrer às forças de segurança para oferecer escoltas às viaturas que circulam entre os portos e os países vizinhos durante os dias de manifestação. (SN)