– A região é historicamente bastião da Renamo, com centenas de desmobilizados de guerra aguardando reintegração
Por Ricardo Dias e Tomásia Job
Maputo (MOZTIMES) – Pelo menos uma centena de reclusos foi libertada por manifestantes da prisão distrital de Morrumbala, província da Zambézia, centro de Moçambique.
O incidente ocorreu na quarta-feira, quando manifestantes invadiram o estabelecimento prisional, atearam fogo e superando em número os agentes de guarda prisional, disse e entrevista telefónica, Orlando Modumane, porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique.
O porta-voz da Polícia garantiu que as autoridades estão a trabalhar para reconduzir todos os reclusos às celas da cadeia distrital, sem avançar mais detalhes.
Em Morrumbala havia uma das principais bases militares da Renamo durante a guerra civil e também durante o ressurgimento do conflito militar entre 2013 e 2016. Por isso, há milhares de homens desmobilizados de guerra que ainda aguardam reintegração. A violência pós-eleitoral é recorrente neste distrito.
A nível nacional, o primeiro dia das manifestações da fase “4×4” resultou em 12 mortos, baleados pela Polícia, segundo organizações de observação eleitoral. Assim, sobe para 88 o número total de mortos devido às manifestações, segundo o Centro para a Democracia e Direitos Humanos.
Houve ainda registo de vandalização de sedes do partido no poder, Frelimo, em várias cidades, incluindo Maputo, Xai-Xai e Pemba. Na província de Nampula, duas portagens foram destruídas. Houve bloqueios à circulação em várias estradas principais, sobretudo na cidade e província de Maputo.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou a chamada quarta etapa da quarta fase (4×4) da manifestação mais dura para contestar os resultados das eleições de 9 de Outubro, depois que uma iniciativa presidencial de diálogo falhou na semana passada.
Falando numa transmissão virtual esta quinta-feira, Mondlane afirmou estar disponível para o diálogo e aguarda uma resposta do Presidente Nyusi à nova proposta de diálogo submetida pelo líder do PODEMOS na passada terça-feira.
“Eu já disse que o diálogo pode ser feito virtualmente, e é muito fácil. Estou à espera do Presidente Nyusi”, afirmou Mondlane. “Peço ao Presidente da República de Moçambique que tenhamos um encontro virtual: o senhor em Moçambique e eu onde estou. Se não tivermos o encontro, é porque o senhor não está interessado”, acrescentou. (RD/TJ)