– Empresários locais pedem introdução de escolta militar enquanto prevalecer a crise pós-eleitoral
Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Grandes empresas internacionais que operam em Moçambique reuniram-se com o presidente Filipe Nyusi e pediram reforço de segurança. A reunião aconteceu dias após o principal acampamento de uma das maiores empresas de mineração em Moçambique, a Kenmare, ter sido invadido pelos manifestantes apoiantes de Venâncio Mondnlane e obrigar a empresa a tomar decisões de apoio à comunidade local.
Na reunião com Filipe Nyusi que aconteceu esta segunda-feira no gabinete presidencial, os empresários ameaçaram suspender as suas actividades, declarando a cláusula de força maior por razões de insegurança, disse o presidente da Confederação Moçambicana de Associações Económicas, Agostinho Vuma.
“Temos algumas multinacionais que estão em démarches para declarar o force major”, disse Vuma falando a jornalistas esta terça-feira na capital Maputo.
Uma possível declaração de força maior pelas principais empresas a actuar em Moçambique, teria efeitos muito nefastos para a economia, que é fortemente dependente de mega-projectos.
Face à crescente insegurança, a maior associação empresarial de Moçambique pediu ao governo a introdução de escoltas militares para proteger os seus activos financeiros em trânsito nos principais corredores portuários.
As escoltas militares já tinham sido introduzidas em Moçambique durante os ataques protagonizado pela Renamo ao longo da Estrada Nacional Número1, há cerca de uma década.
“Fomos prometidos que teremos segurança ao longo do troço, tal como na zona Centro nos outros conflitos eleitorais em que havia escavações e havia escoltas. Pedimos que esse modelo funcionasse em todos os corredores do país”, disse Vuma.
Na reunião dos empresários com o chefe de Estado foi apresentado um estudo sobre os impactos e medidas financeiras, fiscais, laborais, administrativas e de segurança que as paralisações têm na economia.
A CTA diz que as áreas de turismo, restauração, logística e serviços são as que mais se ressentem das paralisações e bloqueio das vias de acesso, no âmbito das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
De acordo a CTA, as projecções de crescimento económico deste ano seriam de 5%, mas irão baixar para 3%, número corroborado pelo Banco de Moçambique.
Desde há cerca de uma semana que está em curso a fase “4×4” que é caracterizada por interrupção das vias de acesso sobretudo nas principais cidades e vias principais, como os corredores portuários de Maputo, Beira e Nacala, bem como a Estrada Nacional Número 1.
Manifestantes ao longo da Estrada Nacional Número 4, que liga o porto de Maputo à principal fronteira com a África do Sul, têm estado a obrigar que os camiões não se façam à estrada há 72 horas, fazendo cerca de e 20 quilómetros de linha congestionamento.
Venâncio Mondlane convocou as manifestações em protesto aos resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que atribuem 70% à Daniel Chapo e Frelimo.
O Conselho Constitucional deverá proclamar os resultados antes do Natal, mas a situação económica e de segurança deteriora-se todos os dias e pode piorar com o anúncio dos resultados que confirmem a vitória da FRELIMO com os números actuais.
A violência pós-eleitoral já tirou a vida a100 pessoas, mais de 200 feridos e teve milhares de detidos, para além de várias sedes do partido Frelimo, esquadras da polícia e edifícios de comissões de eleições queimadas.
A interrupção de vias de acesso dificulta também a movimentação de dinheiro em espécie para abastecer os bancos comerciais, o que pode provocar uma sensação de falta de liquidez. (RD)