Por Sheila Nhancale e Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Venâncio Mondlane anunciou ter alcançado consensos com o Presidente Daniel Chapo para o fim da violência pós-eleitoral em Moçambique, durante o encontro que mantiveram no domingo. O anúncio foi feito por Mondlane numa transmissão ao vivo na sua página oficial no Facebook, na noite desta segunda-feira, onde revelou os principais pontos acordados, incluindo a cessação da violência e a possibilidade de indulto para os detidos nas manifestações pós-eleitorais.
Durante a transmissão, Mondlane destacou que um dos consensos alcançados com Chapo foi a necessidade de acabar com a violência pós-eleitoral no país. “Devemos parar com os sequestros, assassinatos e ataques contra manifestantes, assim como contra agentes do Estado e membros do partido Frelimo. O Moçambique que queremos não pode ser construído sobre sangue derramado”, afirmou Mondlane, acrescentando que Chapo comprometeu-se a tomar medidas para que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) interrompam as acções repressivas.
Mondlane também destacou que foi acordado um indulto para os detidos durante as manifestações, argumentando que muitos foram presos por exercerem o direito de protestar pacificamente. “Muitos jovens foram retirados das suas casas, torturados e lançados em prisões superlotadas. Eles não podem ser esquecidos. O indulto é essencial para que o país avance”, disse Mondlane.
Mondlane revelou que foi acordado que as vítimas da violência pós-eleitoral terão acesso a tratamento médico e medicamentos gratuitos, independentemente de terem sido feridas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) ou por manifestantes. As vítimas deverão, igualmente, beneficiar de assistência social e psicológica, bem como apoio às famílias daqueles que perderam entes queridos devido aos confrontos.
Para garantir a execução dos consensos alcançados, Mondlane anunciou que foi criada uma comissão conjunta que irá monitorar o cumprimento das medidas acordadas. “Uma equipa foi criada de ambos os lados para garantir que as medidas acordadas sejam implementadas”, disse Mondlane.
Embora continue a reivindicar a vitória nas eleições de Outubro de 2024 e não reconheça a eleição de Daniel Chapo, Mondlane classificou o encontro como um passo significativo para a pacificação do país.
O diálogo ocorreu num contexto em que pelo menos 361 pessoas morreram durante as manifestações pós-eleitorais, a maioria baleadas em confrontos com as forças policiais, segundo dados da plataforma Decide, uma organização não-governamental que monitora a violência pós-eleitoral em Moçambique. (SN/RD)