- A cidade de Maputo está paralisada devido às manifestações contra os resultados eleitorais
- Margarida Talapa eleita Presidente do Parlamento
Por Noémia Mendes e Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – Os deputados da Assembleia da República tomaram posse esta segunda-feira em Maputo, marcando o início oficial de uma nova legislatura com a duração de cinco anos.
Deputados eleitos pelos partidos tradicionais da oposição, a Renamo e o MDM, boicotaram a cerimónia de tomada de posse em protesto contra os resultados das eleições gerais.
Apesar do boicote, o novo parlamento mantém o quórum necessário para deliberar. A Frelimo, no poder, possui 171 assentos, enquanto o PODEMOS conta com 43 deputados, totalizando mais de 85% dos 250 assentos que compõem o parlamento moçambicano. O PODEMOS, formado por dissidentes da Frelimo, entra pela primeira vez no parlamento.
Os deputados da oposição que não participaram na sessão de posse ainda podem fazê-lo nos próximos dias.
Daniel Chapo, presidente eleito que deverá tomar posse na próxima quarta-feira, esteve presente no parlamento e declarou à imprensa esperar colaboração de todos os deputados, incluindo os da oposição ausentes na cerimónia.
“Como sabem, além do partido Frelimo, temos também o PODEMOS, a Renamo e o MDM. Todos estes partidos ou bancadas parlamentares representam os anseios dos moçambicanos. Por isso, é fundamental haver um debate interno e franco neste órgão, pois é isso que permitirá aprovarmos leis que realmente reflitam os interesses de todos os moçambicanos”, afirmou Chapo.
Após a cerimónia, os deputados elegeram Margarida Talapa como presidente do parlamento com 169 votos. Talapa, deputada da Frelimo e antiga ministra do Trabalho, torna-se a segunda figura mais importante do Estado, substituindo automaticamente o chefe de Estado em casos de ausência ou impedimentos.
Fora do parlamento, a capital Maputo vive um clima de manifestações populares que paralisaram por completo as actividades na cidade. Os protestos, convocados pelo candidato presidencial da oposição, Venâncio Mondlane, contestam os resultados das eleições.
Desde as sete horas da manhã, várias ruas de acesso à capital foram bloqueadas. Não há transporte público entre os bairros residenciais e o centro da cidade, e os principais bancos anunciaram o encerramento dos seus balcões por receio de vandalismos. As lojas também permanecem fechadas.
A tomada de posse do presidente eleito, marcada para a próxima quarta-feira, poderá também ocorrer num contexto de manifestações populares.
“Estamos confiantes de que o Estado está a criar todas as condições para que a cerimónia de posse decorra sem incidentes”, afirmou Chapo. (NM/RD)