Por Ricardo Dias e Noémia Mendes
Maputo (MOZTIMES) – Cinco pessoas foram baleadas nesta segunda-feira, na Matola Rio, província de Maputo, a 36 quilómetros do local onde decorria a cerimônia de investidura dos deputados da décima legislatura da Assembleia da República.
O MOZTIMES presenciou o momento em que uma das vítimas era transportada numa ambulância, no período da tarde, saindo do Hospital Provincial de Maputo rumo ao Hospital Central, o maior centro médico nacional. Trata-se de um cidadão de 49 anos que se identificou como Fumo, operador logístico de distribuição. Relatou que no momento do incidente estava à caminho da padaria.
“Fui vítima enquanto ia levantar dinheiro num banco para depois seguir até a padaria, mas fui surpreendido por uma bala na perna esquerda”, lamentou Fumo a caminho do Hospital Central de Maputo.
Fumo é uma das cinco vítimas que deram entrada na unidade sanitária, a maior da província de Maputo. A segunda vítima sofreu um baleamento no braço e a terceira teve as genitálias dilaceradas por uma bala disparada pela polícia. Todas as vítimas foram feridas na Matola-Rio e socorridas por populares. As outras duas estavam na sala de cirurgia até ao momento em que a nossa equipa deixou o hospital, não tendo conseguido mais detalhes.
Fora do Parlamento, a capital viveu um clima de manifestações populares que paralisaram por completo as actividades na cidade. Os protestos, marcados para os dias 13, 14 e 15 de Janeiro, convocados pelo candidato presidencial da oposição, Venâncio Mondlane, contestam os resultados das eleições de 09 de Outubro de 2024.
Desde as sete horas da manhã, várias ruas de acesso à capital foram bloqueadas. Não havia transporte público entre os bairros residenciais e o centro da cidade e os principais bancos anunciaram o encerramento dos seus balcões por receio de vandalismos. As lojas também permanecem fechadas.
O movimento de veículos apresentava-se fraco, o que propicia a formação de “portagens humanas” que permitem a passagem mediante o pagamento de valores monetários. Uma grande força militar e policial foi posicionada para proteger a cerimónia de posse dos deputados. Já na tarde de domingo um grande contingente policial cercava as quadras do Parlamento
A tomada de posse do presidente eleito, marcada para a próxima quarta-feira, poderá ocorrer num contexto de manifestações populares. (RD/NM)
















