- Presidente diz que estas são as principais ameaças à segurança nacional e cabe à Polícia resolvê-las
- Sobre a violência na Zambézia, Chapo afirmou que é protagonizada por grupos organizados para intimidar a população
Por Ricardo Dias
Maputo (MOZTIMES) – O Presidente Daniel Chapo afirmou esta quarta-feira, em Maputo, que os ataques terroristas em Cabo Delgado, as incursões das milícias “Naparamas” na Zambézia e as manifestações populares violentas nos principais centros urbanos são os principais desafios que Moçambique enfrenta na actualidade, colocando em causa a convivência harmoniosa na sociedade.
Chapo, que discursava após conferir posse ao novo vice-comandante da Polícia da República de Moçambique, Aquilasse Kapangula, disse que cabia à Polícia resolver estes problemas.
“Sabemos que é um Oficial Comissário que acumula vasta e diversificada experiência na carreira policial, principalmente no combate a grupos armados que recorrem à violência contra tudo e todos para fazer valer as suas posições”, afirmou Chapo, dirigindo-se ao vice-chefe da Polícia.
O tom do discurso do Presidente deu a entender que os problemas enumerados são, acima de tudo, uma questão de segurança e não apenas de natureza social e política. Chapo dedicou parte significativa da sua intervenção a criticar os protestos pós-eleitorais liderados pelo seu principal opositor político, Venâncio Mondlane.
“Não podemos achar normal ameaçar um lojista, dizendo: ‘ou baixa o preço ou não abre a loja’, prejudicando centenas de compatriotas que procuram produtos básicos para o seu sustento e, às vezes, depois de percorrerem longas distâncias”, afirmou o Presidente, referindo-se à recente onda de protestos populares contra o elevado custo de vida. Estes protestos, na prática, são uma resposta ao ‘decreto’ de Venâncio Mondlane para a redução dos preços dos produtos de primeira necessidade.
Chapo falou também sobre as milícias Naparama, que reemergiram na província da Zambézia e têm estado a protagonizar ataques contra unidades policiais e outros edifícios governamentais, alegando que actuam para proteger as comunidades locais da violência policial no contexto da repressão das manifestações populares.
Esta é a primeira vez que o Presidente se pronuncia publicamente sobre a crescente violência na Zambézia. Afirmou que se trata de actos praticados por grupos organizados, para além dos Naparama.
“Os ataques com armas brancas em pontos localizados da província da Zambézia, perpetrados pelos vulgos Naparamas e outros grupos organizados, além de intimidarem a nossa população, afectam a livre circulação de pessoas e bens”, declarou.
Os Naparamas são uma milícia local que acredita no poder da magia para se proteger das balas de armas de fogo. Durante a guerra civil, os Naparamas estavam aliados às forças do Governo na protecção da população contra os ataques da Renamo, mas, no actual contexto das manifestações pós-eleitorais, combatem o Governo por entenderem que as forças policiais representam uma ameaça às comunidades.
A visão exclusivamente securitária dos protestos populares e das acções dos Naparamas pode levar o Governo a adoptar uma resposta apenas policial e militar, como tem feito no combate à insurgência em Cabo Delgado, sem necessariamente resolver o problema.
Sobre os ataques de insurgentes em Cabo Delgado, que duram há já oito anos, o Presidente referiu-se ao “recrutamento de crianças, rapazes e raparigas para as fileiras dos inimigos”, afirmando que, mais uma vez, cabe à Polícia travar este fenómeno.
Há oito anos que o Governo tem confiado às forças policiais e militares – nacionais e estrangeiras – o combate à insurgência, mas a ameaça permanece elevada, agora com ataques a ocorrerem diariamente.
Mais de cinco mil pessoas já morreram em resultado dos ataques, e mais de um milhão foram forçadas a deslocar-se das suas terras, segundo dados das Nações Unidas e da organização não-governamental ACLED, que monitora os ataques. (RD)
















